Nasci de novo. Eis-me liberto, enfim!
Foi por um Céu, de estrelas todo cheio,
Numa visão de Amor, que um Anjo veio
Descendo até poisar ao pé de mim.
O beijo que me deu não teve fim...,
Apertou-me nos braços contra o seio,
Abriu os lábios segredando..., e a meio
Bateu as asas e levou-me assim.
Ai! Como é doce o seio que me embala!
E como tudo é novo e mais profundo!...
Mas já nenhum de vós me entende a fala;
Noutro Mundo melhor eu vivo absorto,
E logo conheci que a esse Mundo
Quem vai não volta, ou, quando volta, é morto.
A Águia, série I, Porto, 1911
Jaime Zuzarte Cortesão (Ançã, Cantanhede, 29 de Abril de 1884 — Lisboa, 14 de Agosto de 1960)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Canção Violeta
Canção Vermelha
Oração do Deus-Menino
Sonho Árabe
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