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2010-08-02

Em Louvor do Soneto - Félix Pacheco

Outros se percam no marulho intenso,
e a lira afinem pelo canto vasto;
eu, no meu lindo cárcere, me basto,
e não o julgo estreito, mas imenso.

Nestes curtos grilhões nunca me gasto,
digo tudo o que quero e quanto penso,
satisfeito das perfídias que venço
e orgulhoso dos óbices que afasto.

Há quem prefira os poemas dilatados,
amplas visões em versos numerosos,
onde a rima extravasa em grandes brados;

eu, porém, a outros moldes me remeto
e nunca tive um gozo entre os meus gozos
que não coubesse dentro de um soneto!

José Félix Alves Pacheco nasceu em Teresina (PI) a 2 de Agosto de 1879 e faleceu no Rio de Janeiro a 6 de Setembro de 1935*. Depois do Colégio Militar do Rio, a Faculdade de Direito. Advogado, director e proprietário do «Jornal do Comércio», fundador do Gabinete de Identificação e Estatística do Distrito Federal, deputado, senador, ministro das Relações Exteriores e poeta, com uma desconcertante evolução: do simbolismo para o parnasianismo. Aliás, os seus poemas lírico-amorosos evidenciam um sentimentalismo romântico.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

* Várias fontes incluindo a da Academia Brasileira de Letras indicam como data do desaparecimento do poeta a de 6 de Dezembro de 1935 que aceitamos como mais verosímel

Ler do mesmo autor, neste blog:
Símbolo d'Arte
Estranhas Lágrimas
Visita Infalível

1 comentário:

Olhos de Mel disse...

Querido Fernando um belo soneto, sem dúvida! Cada um traz em si um estilo e bom ser assim, porque temos um vasto repertório, para admirar.
Boa semana! Beijos

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