Outros se percam no marulho intenso,
e a lira afinem pelo canto vasto;
eu, no meu lindo cárcere, me basto,
e não o julgo estreito, mas imenso.
Nestes curtos grilhões nunca me gasto,
digo tudo o que quero e quanto penso,
satisfeito das perfídias que venço
e orgulhoso dos óbices que afasto.
Há quem prefira os poemas dilatados,
amplas visões em versos numerosos,
onde a rima extravasa em grandes brados;
eu, porém, a outros moldes me remeto
e nunca tive um gozo entre os meus gozos
que não coubesse dentro de um soneto!
Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
* Várias fontes incluindo a da Academia Brasileira de Letras indicam como data do desaparecimento do poeta a de 6 de Dezembro de 1935 que aceitamos como mais verosímel
Ler do mesmo autor, neste blog:
Símbolo d'Arte
Estranhas Lágrimas
Visita Infalível
1 comentário:
Querido Fernando um belo soneto, sem dúvida! Cada um traz em si um estilo e bom ser assim, porque temos um vasto repertório, para admirar.
Boa semana! Beijos
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