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2010-07-29

Adeus - Miguel Torga



Hoje, sem ter que ver com as efemérides, recorro a um dos meus preferidos autores, para preencher o habitual espaço poético... com saudade:

É um adeus…
Não vale a pena sofismar a hora!
É tarde nos meus olhos e nos teus…
Agora,
O remédio é partir discretamente,
Sem palavras,
Sem lágrimas,
Sem gestos.
De que servem lamentos e protestos
Contra o destino?
Cego assassino
A que nenhum poder
Limita a crueldade,
Só o pode vencer a humanidade
Da nossa lucidez desencantada.
Antes da iniquidade
Consumada,
Um poema de líquido pudor,
Um sorriso de amor,
E mais nada.

in Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria; Terramar

Miguel Torga

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