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2010-06-29

O decisivo jogo Portugal - Espanha de logo...

No jogo com o Brasil Carlos Queiroz dispôs a equipa de tal modo que não assumiu qualquer risco. Entre assegurar um empate a zero (e ter probabilidade quase nula de ganhar) e a alternativa de discutir a vitória, fazendo um jogo mais aberto, mas correndo mais riscos de perder, preferiu a primeira opção e o resultado foi um empate a zero. A constituição do onze inicial é bem representativa relativamente à opção tomada.

Assim o nosso destino nos oitavos de final ficou traçado, ou se quisermos, dependente da proeza de terceiros travarem os espanhóis. Claro que não houve surpresas, a Espanha venceu o Chile e cá está um confronto ibérico.

Porquê esta introdução? Para deixar claro que Carlos Queiroz fez pouco para afastar a Espanha do nosso caminho. Confronto que qualquer adepto já temia que pudesse ocorrer.

Uma das maiores alegrias desportivas que tive na minha vida foi no Euro 2004 quando Portugal eliminou a Espanha ganhando por 1-0 no Estádio de Alvalade, com um golo de Nuno Gomes. Fui um dos cerca de 50.000 presentes. Esse jogo estava na fronteira entre uma decepcionante participação e o passaporte para uma presença positiva e quem sabe até um grande feito. Chegámos à final, como se sabe, que perdemos com a Grécia, mas não há dúvida sobre um saldo altamente positivo para a selecção das quinas.

O jogo do final da tarde (já é de logo!) tem, na minha apreciação, enquadramento semelhante e é bastante perigoso, naturalmente. A Espanha é a selecção número 2 do ranking mundial, é a Campeã da Europa. Não se iludam com a derrota que teve com a Suiça. Acabou em primeiro lugar no Grupo. Portugal não perdeu nenhum dos três jogos (mas empatou dois) e terminou em segundo. Pela lógica, até porque não temos o factor casa que tivemos em 2004 a Espanha é favorita. Dos seis jogos já disputados nos oitavos de final o vencedor foi lógico em cinco deles. Todos os primeiros classificados de um grupo ganharam aos segundos classificados do outro grupo, que por sinal, eram equipas pior classificadas no ranking. A excepção foi a da selecção do Gana, única equipa africana ainda em prova, que derrotou os Estados Unidos da América esta que tendo ganho o grupo em que participou está também melhor classificada no ranking FIFA.

Uma derrota de Portugal significa que tem de se atribuir nota negativa no saldo final da participação: dois empates a zero, uma única vitória (contundente é certo mas perante a pior equipa das 32 em prova) e uma derrota. Ganhando significa que não perdemos com as selecções numero 1 e 2 do ranking mundial ou seja passamos para um saldo positivo tanto mais que nos quartos de final jogaremos com o vencedor do Paraguai-Japão e aí teremos possibilidades de chegar às meias-finais. Estaríamos na pior das hipóteses com um comportamento semelhante ao do Mundial de 2006 em que ficamos em quarto lugar!

Concluindo, amanhã é o jogo que divide o Inferno do Céu. E logo a Espanha parceiro de Portugal na candidatura para organização do Mundial de 2018 e vizinhos na crise...

Ninguém espere facilidades. O favorito é a Espanha. Por todas as razões e mais uma. O árbitro é argentino. Mais, o Presidente do Comité de Arbitragem é espanhol (e o vice é brasileiro). Não bastando os erros graves a que assistimos nos jogos de domingo, não será preciso muito para que hermanos argentinos facilitem a vida aos nuestros hermanos (se isso for necessário). Acham que é por acaso que apanhámos quatro árbitros sul-americanos nos quatro jogos que vamos disputar? Não sejam ingénuos. Porque será que David Villa não foi punido apesar da agressão a um jogador das Honduras (Izaguirre)?

Porque razão a FIFA não quer o uso de meios tecnológicos e pactua com a vigarice que foi, entre outros:
(i) a qualificação da França
(ii) o golo com duas vezes mão do Brasil frente à Costa de Marfim
(ii)o golo não assinalado da Inglaterra frente aos alemães
(iii) o golo em fora de jogo da Argentina contra o México ?

É por acaso que foram sempre erros em que a equipa melhor posicionada no ranking saiu beneficiada?...

Todos os portugueses depois de um dia de trabalho vão estar, mais logo, expectantes e absorvidos pelo desenrolar do jogo. O país vai parar a partir das 19:30...

Queiroz vai apostar no futebol científico de (tentativa de) anulação das mais-valias espanholas. Defesa, médios defensivos e mais médios defensivos e Cristiano Ronaldo na frente a fazer uns raids? Com o Brasil resultou, mas com uma diferença fundamental é que o empate também servia aos brasileiros que ganhariam o grupo como ganharam e tiraram a Espanha da sua frente, (pelo menos até à final). Se dessem de mão beijada um desempate por penalties Queiroz não desdenharia.

Se perdermos, enfim, é o nosso destino de pobrezinhos... que pelo menos no futebol o ranking Fifa pretende desmentir. Voltaremos à crise, às portagens nas Scuts, ao aumento dos impostos... Se ganharmos (probabilidade muito mais remota, na minha opinião) estaremos eufóricos. Eu também... Oxalá!

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