(...) Quero como queres, vinho às veias
- do trigo ao vinho, o canto programado.
Quero, como queres, ares livres
- do chão ao céu o vôo inviolado.
Quero, como queres, grãos à terra
- o próprio chão, um peito semeado.
Quero como queres, uma vida
sem o acaso da morte procurado.
Quero como queres, u’a morte
selvagem como tigre, como selva
- a carne dada ao barro, e o sonho dado
ao ir e vir das flores e da relva.
Como queres, quero aqueles campos
cercados de cajus e de canários.
Como queres, quero aqueles cantos
de bagres e de plumas amarelas.
Como queres, quero aqueles mares
- cruzando ao calendário as caravelas.
Como queres, quero aquelas ruas,
e o trânsito do amor pelas janelas.
Com queres, quero a vida e a morte
- eternas minhas horas como as tuas.
Como queres, quero o fruto livre
- mais livre que este amor com que me feres:
Como queres, quero como queres”
Audálio Alves Pereira (nasceu a 2 de junho de 1930 no município de Pesqueira, interior do Estado de Pernambuco; m. no Recife a 8 de abril 1999).
Poema extraído daqui
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