Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.
Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!
Se os reis são sempre os reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo,
Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
Se o homem chora e continua escravo,
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...
Tobias Barreto de Meneses (n. Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839 — m. em Sergipe, 26 de junho de 1889)
(ii) Ignavo : adj. Indolente, preguiçoso. Covarde.
Ler do mesmo autor, neste blog: Namoro não é crime
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