Páginas

2010-02-28

Amor Condusse Noi Ad Una Morte - Paulo Mendes Campos

Quando o olhar adivinhando a vida
Prende-se a outro olhar de criatura
O espaço se converte na moldura
O tempo incide incerto sem medida

As mãos que se procuram ficam presas
Os dedos estreitados lembram garras
Da ave de rapina quando agarra
A carne de outras aves indefesas

A pele encontra a pele e se arrepia
Oprime o peito o peito que estremece
O rosto a outro rosto desafia

A carne entrando a carne se consome
Suspira o corpo todo e desfalece
E triste volta a si com sede e fome.

Paulo Mendes Campos nasceu em Belo Horizonte (MG) a 28 de Fevereiro de 1922 e faleceu no Rio de Janeiro a 1 de Julho de 1991. Em Porto Alegre (RS), cursou a Escola Preparatória de Cadetes e tentou Direito, Odontologia, Veterinária, antes de se fixar no Rio, em 1945, onde se dedicou ao jornalismo. Cronista e poeta, o soneto que o representa nesta colectânea foi tirado de «A Palavra Escrita» (1951).

Poema e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto

Sem comentários:

Enviar um comentário