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2010-01-04

Minh'alma é triste III - Casimiro de Abreu

Minh'alma é triste como a flor que morre
Pendida à beira do riacho ingrato;
Nem beijos dá-lhe a viração que corre,
Nem doce canto o sabiá do mato!

E como a flor que solitária pende
Sem ter carícias no voar da brisa,
Minh'alma murcha, mas ninguém entende
Que a pobrezinha só de amor precisa!

Amei outrora com amor bem santo
Os negros olhos de gentil donzela,
Mas dessa fronte de sublime encanto
Outro tirou a virginal capela.

Oh! quantas vezes a prendi nos braços!
Que o diga e fale o laranjal florido!
Se mão de ferro espedaçou dois laços
Ambos choramos mas num só gemido!

Dizem que há gozos no viver d'amores,
Só eu não sei em que o prazer consiste!
- Eu vejo o mundo na estação das flores...
Tudo sorri - mas a minh'alma é triste!

Casimiro José Marques de Abreu (n. na fazenda da Prata, no actual município de Silva Jardim (RJ), em 4 de Jan de 1839; m. na fazenda do Indaiaçu, no atual município de Casimiro de Abreu (RJ), em 18 de Out. de 1860).

Ler do mesmo autor:
A Valsa
Canção do Exílio
O Que é Simpatia
Meus oito anos
Clara
Amor e Medo

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