No cristal duma fonte clara e pura
Uma Macaca estava contemplando
A sua formosura:
Os momos, e os pulinhos revezando,
Da sua presunção indícios dava,
E de ser bela, com prazer, gozava.
Um Burro, que pastava
Não longe do mostrengo presunçoso
Condoído as orelhas sacudia
E consigo dizia:
"Se, ao menos, o meu porte grave, e airoso,
Se a minha voz tonante ela tivera,
De ser vaidosa a permissão lhe eu dera."
Quantos conheço aí, que tomam azo
De notar erros meus e estão no caso
Do Burro, e da Macaca
Extraído de Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora
Filinto Elísio [Pde. Francisco Manuel do Nascimento] (n. em Lisboa a 23 Dez 1734; m. 25 Fev. 1819).
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Nos Foge o Tempo
Estende o manto, estende ó noite escura
Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados
Dormias Márcia
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