Amo as horas sombrias do meu ser
em que os meus sentidos se aprofundam;
nelas encontrei, como em velhas cartas,
o meu dia a dia já vivido,
ultrapassado e vasto como numa lenda.
Elas me ensinam que possuo espaço
p'ra uma intemporal Segunda vida.
E por vezes sou como a árvore
que, madura e rumorosa, sobre uma campa
cumpre o sonho que a criança de outrora
(abraçada por suas cálidas raízes)
perdeu em tristezas e canções.
in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim
Rainer Maria Rilke (n. em Praga a 4 Dez. 1875; m. em Valmont, Suiça a 29 Dez. 1926)
Ler, neste blog, do mesmo autor: O Poeta /The Poet; O Mundo Estava no Rosto da Amada
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