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2009-07-11

O Idílio Suave - Guilherme de Almeida (na data em que se completa 40 anos sobre a sua morte)

Chegas. Vens tão ligeira
e és tão ansiosamente esperada, que enfim,
nem te sentindo o passo e já te tendo inteira,
completamente em mim,
quando, toda Watteau, silenciosa, apareces,
é como se não viesses.

Vens... E ficas tão perto
de mim, e tão diluída em minha solidão,
que eu me sinto sozinho e acho imenso e deserto
e vazio o salão...
E, sem te ouvir nem ver, arde-me em febre a face,
como se eu te esperasse!

Partes. Mas é tão pouco
o que de ti se vai que ainda te vejo o arfar
do seio, e o teu cabelo, e o teu vestido louco,
e a carícia do olhar,
e a tua boca em flor a dizer-me doidices,
como se não partisses!


in Poesia Brasileira do Século XX Dos Modernistas à Actualidade; Edições Antígona

Guilherme de Andrade e Almeida (n. em Campinas, São Paulo a 24 de Jul de 1890; m. em São Paulo a 11 de Jul 1969)

Ler do mesmo autor:
Fico deixas-me velho
Indiferença
Esssa Que Hei-de Amar

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