O tráfego é previamente fixado
e todos os sensatos vivem o seu minuto.
Onde está o louco para um discurso
sobre os acontecimentos futuros?
Ah! se pudesses, dormirias
sob as árvores da praça, sem cuidados,
te banharias em público, comerias
o teu pão na calçada...
Vives no tempo dos relógios. Os teus passos
são contados, tuas horas são rações
minguadas na fome de ser livre.
E impaciente esperas numa esquina
um mágico que te indique
a porta, te mostre a claridade e ordene a fuga!
Onde estão os mágicos?
Dormem.
E o louco dos comícios?
Morto.
Morto o pássaro, o lírio extinto,
calado o mar,
o coração do homem pulsa
sob as pedras.
Odorico Bueno de Rivera Filho (n. 3 de abril de 1911, Santo Antônio do Monte, Minas Gerais — m. 25 de junho de 1982)
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