O amor tem uma música que nasce das
catorze linhas que se encontram entre os
dedos que escrevem o soneto e os lábios
que o lêem. Toco esta música quando
desenho o teu rosto, e começo a seguir
a linha que se solta dos teus lábios para
ver se chego ao horizonte do teu corpo,
onde o verso dobra o círculo de um
horizonte imprevisível. E dás-me o outro
lado da vida, para que eu descubra
o continente em que o sol nunca se põe,
as ilhas quentes de um calor de pássaros,
e o rumor incessante da maré a que a
tua voz roubou a espuma de um murmúrio.
in Os dias do Amor, Um poema para cada dia do ano. Recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Prefácio de Henrtique Manuel Bento Fialho
Nuno Júdice (nasceu em Mexilhoeira Grande, Portimão a 29 de Abril de 1949)
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