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2009-03-09

Votamos Freeport ou BPN ?

Mário Crespo, jornalista no seu artigo de opinião publicado hoje no JN diz, ou melhor escreve: «Em Portugal, para os que gostam de grandes superfícies, nos próximos processos eleitorais só há duas opções. Ou votam Freeport ou votam BPN. Qualquer das escolhas é arriscada. A mais incerta, nesta altura, ainda é o BPN. Sabe-se que começa algures entre perdões fiscais num governo de Cavaco Silva, mas depois o rasto vai-se perdendo entre offshores e quadros de Miró, numa teia de descrições absurdas. Mas na investigação parlamentar do BPN há um elemento comum que tem transitado de sessão para sessão: o quase mutismo dos partidos do bloco central de interesses».
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Mais à frente: «Daqui a questão: vota-se Freeport ou BPN? O voto no BPN já se sabe quanto nos custou. Entre as clemências tributárias no governo de Cavaco Silva e as compras de empresas tecnológicas nesse conhecido centro de ciência avançada que é Puerto Rico, os portugueses já desembolsaram 1,8 mil milhões de euros para pagar as megalomanias de dois membros do núcleo duro político do actual presidente da República.
O voto no Freeport ainda não se sabe quanto vai custar. De facto, até há o aspecto estranhíssimo do Freeport ser um completo e assumido desastre comercial. Para quê, então, gastar tanto milhão a alterar uma reserva da natureza que era, por ordenamento, inalterável? Era bom fazer esta pergunta antes do Freeport implodir para tentar compreender o que é que virá depois da implosão. Pelo sim pelo não, enquanto não houver respostas, acho que é altura de fugir destas grandes superfícies, senão acabamos esmagados por elas». (daqui)

Este artigo faz-nos chamar à terra. Ao fim e ao cabo os dois únicos partidos que podem formar governo e que nos governam há anos e anos colocaram o país neste estado. Os cidadãos quase não podem ouvir falar de política. A crise económica (dos pobres, ou dos remediados, porque a dos ricos está sempre salvaguardada... ou pelos ganhos que tiveram acumuladamente ou porque as medidas tomadas pelo governo lhes são dirigidas, mais do que aos pobres...) afecta-os o suficiente para não terem tempo para se preocupar com a política. A crise económica internacional, porém, constitui um alibi perfeito para o Govermo se justificar. Sim, porque nos últimos três anos, com a economia mundial a crescer bem, já a economia portuguesa estava a atrasar-se (ainda) mais da média da área euro - e aí a desculpa era o déficit orçamental que precisava de diminuir.

O desemprego prolifera e quem está empregado trabalha ainda mais horas, mais se esforça e nenhuma compensação obtém senão vejam só, manter o emprego. Entretanto a EDP que é paga pela factura de electricidade de todos os portugueses vê os seus lucros aumentar na casa dos dois dígitos - isto em plena crise. Benvinda crise que tal permite.

Pior do que ser do Porto ou do Benfica e ficar triste com uma derrpta - afinal a maior parte das vezes ainda ganham (e ainda temos o Sporting, o Braga, o clube do bairro, etc.) - é sermos obrigados a votar no Freeport ou no BPN. E isso é deveras chocante. Eu não quero nem uma coisa nem outra... talvez porque não goste de grandes superfícies. Prefiro a «tasca» da viela!

imgem do Freeport daqui

imagem do BPN daqui

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