Ouço-lhe o surdo passo e lhe pressinto o vulto
Na meia sombra ambiente. Invisível se esgueira
De manso, a foice às mãos, calada, sorrateira,
E já pronta a oficiar na lágrima o seu culto...
Nunca avisa a quem busca e chega sem tumulto,
E passeia indecisa e incerta, a casa inteira,
Parando em cada quarto, a espreitar, agoireira...
É cedo! Exclama. E ri com o seu riso oculto...
E vai-se... E torna a vir... Parte outra vez... Regressa...
Espera um pouco e volta... E repete, freqüente,
Mas sempre silenciosa, a obrigação sem pressa...
Ninguém suspeita nada, ou receia da sorte...
Desfila e corre o tempo indiferentemente...
Mas um dia, ai de nós! Entra a visita, é a morte!
Ler do mesmo autor Estranhas Lágrimas
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