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2008-12-04

Último Apelo - Filinto de Almeida

Musa com Lira imagem daqui

Não mais a minha Musa me obedece
como sempre, contente, obedecia;
de tudo que eu suplico ela se esquece,
como jamais outrora se esquecia.

É eu, que lhe peço? Apenas que não cesse
de me florir os campos da Poesia,
de me acender a chama que me aquece
para os estos da minha Fantasia.

Faço-lhe agora um último pedido:
é que me assista, quando o fim chegar
deste seu velho Poeta combalido;

que, quando a Morte me vier buscar,
com voz me encontre, plácido, estendido,
sobre um leito de nuvens - a cantar!

Francisco Filinto de Almeida (n. no Porto em 4 Dez. 1857; m. no Rio de Janeiro, RJ, em 28 Jan. 1945).

Ler do mesmo autor: Funesta

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