Ninguém ma descreveu, mas era ela…
Passou por mim, airosa como a flor;
beleza que valesse o teu amor,
devia ser precisamente aquela…
E segredou-me a voz interior:
«Repara atentamente como é bela!
Não te parece a graça duma estrela,
tomando movimento, forma e cor?»
− Que julgas se passou na minha ideia?
Desgosto enorme de sentir-me feia
ou mágoa de a não ver feia também?
Se a inveja é predicado de mulher,
naquela ocasião deixei de o ser
e, só por teu amor, eu quis-lhe bem!…
MARTA MESQUITA DA CÂMARA nasceu a 24 de Agosto de 1895 no Porto, onde morreu a 20 de Novembro de 1980. De ascendência açoriana, a sua mãe era tia do poeta Roberto de Mesquita. Poetisa e jornalista, dedicou-se também à literatura infantil com o pseudónimo de Tia Madalena. Estreou-se em 1923 com «Triste», a que se seguiram «Arco Íris» (1925) e «Pó do Teu Caminho» (1928). A sua poesia vai do sentimentalismo contido a um erotismo velado. Publicou as suas «Poesias Completas» em 1962.
Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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