Poesia, saudade da prosa;
escrevia «tu», escrevia «rosa»;
mas nada me pertencia,
nem o mundo lá fora
nem a memória,
o que ignorava ou o que sabia.
E se regressava
pelo mesmo caminho
não encontrava
senão palavras
e lugares vazios:
símbolos, metáforas,
o rio não era o rio
nem corria e a própria morte
era um problema de estilo.
Onde é que eu já lera
o que sentia, até a
minha alheia melancolia?
in Rosa do Mundo, 366 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim
Manuel António Pina (nasceu em 18 de Nov. 1943 no Sabugal)
Ler do mesmo autor, neste blog: Café do Molhe
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