Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles (n. no Rio de Janeiro a 7 de Nov de 1901 — m. no Rio de Janeiro, a 9 de Nov de 1964).
Ler neste blog da mesma autora:
Ou isto ou aquilo;
De um lado cantava o Sol;
Despedida;
Mulher ao espelho;
Ler ainda um post a propósito: Dos 41 anos da morte de Cecília Meireles em 9-11-2005
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