Amendoeiras em flor
imagem daquiNunca mais me esqueci!… Eu era criança
e em meu velho quintal, ao sol nascente,
plantei, com a minha mão ingénua e mansa,
uma linda amendoeira adolescente.
Era a mais rútila e íntima esperança…
Cresceu… cresceu… e, aos poucos, suavemente,
pendeu os ramos sobre o muro em frente
e foi frutificar na vizinhança…
Daí por diante, pela vida inteira,
todas as grandes árvores que em minhas
terras, num sonho esplêndido, semeio,
como aquela magnífica amendoeira,
e florescem nas chácaras vizinhas
e vão dar frutos no pomar alheio…
RAUL DE LEÔNI Ramos nasceu a 30 de Outubro de 1895 em Petrópolis (RJ) e faleceu a 21 de Novembro de 1926 em Itaipava (RJ). Bacharel em Direito (1916) pela universidade do Rio, tentou a carreira diplomática mas, após três meses em Montevideu (Uruguai), desistiu, alegando não poder viver longe do Brasil. Então, tornou-se inspector de uma companhia de seguros e veio a ser deputado à assembleia legislativa do estado do Rio de Janeiro. É um poeta de transição, enamorado da Grécia antiga, de Roma, de Florença, das cidades da Renascença italiana, da cultura mediterrânica e do mundo clássico. Céptico e irónico, a sua poesia é estético-filosófica. O seu autor, quando adolescente, viajara pela Europa. Fora depois ginasta e campeão de natação, mas acabou por morrer tuberculoso. A sua obra, porém, representa uma evasão no espaço e no tempo e não trai a doença, como acontecia com os românticos.
Ler do mesmo autor neste blog:
DecadênciaHistória AntigaPudorCanção de TodosLegenda dos diasSoneto I de Sob Outros CéusSoneto e nota biobibliográfica acima extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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