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2008-09-27

Suprema Glória - Rodrigues de Abreu

Seja, depois de tanto amar, corrido,
como um pária, às pedradas; e, às pedradas
fugindo, deixe, triste, essas estradas,
por onde eu for, cheias do meu gemido!

E, soluçando, o coração ferido
sangre, exposto do público às risadas…
E, esquecido de ti, entre as amadas
a maior, vá de todos esquecido…

Embora! Nesta dor, a recompensa
levo de todo o horror desta descida
do sonho à lama; levo a glória imensa

que às outras glórias todas anteponho:
amei!… E, ao menos um momento, a vida
glorifiquei, em cantos, no meu Sonho…

Benedito Luís RODRIGUES DE ABREU nasceu em Capivari (SP) a 27 de Setembro de 1897 e morreu tuberculoso em Bauru (SP) a 24 de Novembro de 1927. Em vão buscara alívio para o seu mal em Campos do Jordão... Ex-seminarista, foi professor e escriturário de cartório. Poeta neo-romântico «crepuscular», os seus versos são confidências a meia-voz e meia-luz. A sua principal obra intitula-se «Casa Destelhada» (1927).

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Crianças
As Andorinhas

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