Páginas

2008-09-20

Copo de Água - Alberto de Lacerda



Que maravilha um copo de água!
Que transparência saborosa
Penetra a luz nos nossos lábios
Como nos olhos uma rosa.

Ó material, imaterial
Incandescência, ponte clara!
Brasão da terra, misterioso,
Da terra boa, terra amara.

Ó doçura que nos inunda
Como um clarão vindo de tudo,
Ó água que vais abrigando
Neste copo teu riso mudo!

Mudo? Não sei. Talvez caudal
Já tenhas sido, eco celeste,
Céu que te abres ao corpo súplice,
Seda que a sede humana veste!

in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama
Organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores

Alberto de Lacerda (n. em 20 Sep. 1928 em Moçambique; m. em Londres a 26 Ago 2007)

Sem comentários:

Enviar um comentário