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2008-07-04

Soneto V - Cláudio Manuel da Costa

Pastando as ovelhas foto daqui

Na passagem do 220º. aniversário da morte do poeta

Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;

Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.

Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;

Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.


Cláudio Manuel da Costa (n. na Vargem do Itacolomi, atual Mariana, MG a 5 Jun 1729; m. em Vila Rica, actual Ouro Preto, MG, a 4 Jul 1789).

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