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2008-07-31

Francisco José faleceu há 20 anos

Francisco José Galopim de Carvalho nasceu em Évora, na Rua da Cal Branca, no dia 16 de Agosto de 1924. O Chico Zé, morreu no dia 31 de Julho de 1988, aos 63 anos.

Cantor romântico e fadista de sucesso nos anos 1950; iniciou-se profissionalmente no Centro de Preparação de Artistas de Rádio da Emissora Nacional (1948); destaca-se com músicas como "Teus Olhos Castanhos" (1951), "Deixa Falar o Mundo", "Guitarra Toca Baixinho" (1973), etc; e fez carreira no Brasil.

«Num programa musical transmitido em directo, em que dizia algumas palavras entre as canções, Francisco José resolveu «abrir o livro». Falou então sobre a vida e as dificuldades dos artistas em Portugal. Falou dos “cachets “ miseráveis que recebiam. Falou da subserviência da televisão aos artistas estrangeiros e, sem qualquer hesitação, disse quanto estava ali a ganhar e quanto receberia se fosse um vulgar e medíocre cantor inglês ou americano. E, finalmente, disse tudo o que lhe veio à cabeça sobre a televisão pública e sobre as pessoas que a dirigiam». (citação daqui)

As suas palavras caíram que nem uma "bomba" nos poderes instituídos, de tal forma, que a partir da aquele incidente, os programas em directo na RTP, foram proibidos. Francisco José foi considerado "persona non grata" pela RTP e desapareceu também da rádio pública (Emissora Nacional). Foi processado tendo de responder em Tribunal acusado de crime de difamação. Este incidente afastou-o definitivamente de Portugal onde voltaria já pós 25 de Abril, na década de 80, onde lançaria o seu último disco "As Crianças não Querem a Guerra" (1983).

Vamos recordá-lo:

Letra de:João Villaret
Música de Armando da Câmara Rodrigues

Lisboa querida mãezinha
Com o teu xaile traçado
Recebe esta carta minha
Que te leva o meu recado

Que Deus te ajude, Lisboa
A cumprir esta mensagem
Dum português que está longe
E que anda sempre em viagem

Estribilho

Vai dizer adeus à Graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a Estrela
E abraçar a Madragoa

E mesmo que esteja frio
Que os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no Rossio
E leva-lhe o meu olhar

Se for noite de S. João
Lá pelas ruas de Alfama
Acende o meu coração
No fogo da tua chama

Depois leva-o p´la cidade
Num vaso de manjerico
Para matar a saudade
Desta saudade em que fico




Guitarra Toca Baixinho
Francisco José
Composição: Indisponível

Guitarra toca baixinho
Que alguém pode escutar
Só ela deve entender,
Só ela deve saber
Que estou falando de amor...

Cantam os grilos no campo,
E um pássaro no ramo,
Ninguém dorme nesta noite,
E menos ela que agora,
Escuta um riacho e suspira!

Lua parada no céu,
O vaga-lume que passa,
Guitarra minha toca baixinho,
E mesmo com a mão incerta,
Toca guitarra que é hora!

É hora, de dar-lhe todo bem que há no meu peito,
Dizer-lhe Deus também tenho direito
De amá-la como nunca amei ninguém!
É hora de respirar um pouco de ar puro,
Um prado é verde quando é Primavera,
E o Sol é quente mas a noite espera,
Por nós ...

A noite está tão serena,
Eu dormindo em seu seio...
Deus! Como bate o coração,
A gente sonha e agora,
Dorme guitarra que é hora!

É hora, de dar-lhe todo bem que há no meu peito,
Dizer-lhe Deus também tenho direito
De amá-la como nunca amei ninguém!
É hora de respirar um pouco de ar puro,
Um prado é verde quando é Primavera,
E o Sol é quente mas a noite espera,
E é hora...



Olhos Castanhos
Francisco José
Composição: Alves Coelho/ Francisco José

Teus olhos castanhos
De encantos tamanhos
São pecados meus,
São estrelas fulgentes,
Brilhantes, luzentes,
Caídas dos céus,
Teus olhos risonhos
São mundos, são sonhos,
São a minha cruz,
Teus olhos castanhos
De encantos tamanhos
São raios de luz.

Olhos azuis são ciúme
E nada valem para mim,
Olhos negros são queixume
De uma tristeza sem fim,
Olhos verdes são traição
São crueis como punhais,
Olhos bons com coração
Os teus, castanhos leais.



Vejam ainda esta versão de Tudo Isto é Fado e para juntar a outras interpretações como as de, nomeadamente Amália Rodrigues e Mariza.

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