Quando ergue o transparente da janela,
Ou que o seu quarto se inundou de luz,
Eu amo vê-la, sedutora e bela,
-Longos cabelos sobre os ombros nus.
Oh como é bela! e como fico a olhar;
Dos seus cabelos desatando a fita!...
Lembram-me as virgens que do austero Ermita
Vinham as noites de orações tentar.
Oh como é bela! - Tem na luz do olhar
Quais violeta quando as fecha o sonp,
Não sei que doce e lânguido abandono,
Não sei que vago que nos faz cismar!...
Como eu a espreito, palpitante o seio,
Como eu a sigo nos seus gestos vários,
Naquele quarto, aquele ninho cheoo
Da doce voz dos joviais canários!...
Como eu quisera ser, nos sonhos dela,
Um rei das lendas, o fatal D. Juan,
Pirata mouro, em galeões à vela,
Como minaretes sob o céu do Iran!...
Como eu quisera - e que vontade intensa! -
Só pelo brilho dessa longa trança,
Ser cavaleiro de invencível lança,
Ou rei normando duma ilha imensa!...
Como eu quisera, no eu pensamento,
Ser o rei bardo no rovhedo duro,
E ambos, fugindo, recortar o vento,
Sobre a garoupa dum cavalo escuro!...
Se me morresse, que comprido choro!
Como vergara sob a cruz de Malta!
Como eu deitara a minha trança d'ouro,
Por causa dela, duma torre alta!...
... ... ... ...
Ou que o seu quarto se inundou de luz,
Eu amo vê-la, sedutora e bela,
-Longos cabelos sobre os ombros nus.
Oh como é bela! e como fico a olhar;
Dos seus cabelos desatando a fita!...
Lembram-me as virgens que do austero Ermita
Vinham as noites de orações tentar.
Oh como é bela! - Tem na luz do olhar
Quais violeta quando as fecha o sonp,
Não sei que doce e lânguido abandono,
Não sei que vago que nos faz cismar!...
Como eu a espreito, palpitante o seio,
Como eu a sigo nos seus gestos vários,
Naquele quarto, aquele ninho cheoo
Da doce voz dos joviais canários!...
Como eu quisera ser, nos sonhos dela,
Um rei das lendas, o fatal D. Juan,
Pirata mouro, em galeões à vela,
Como minaretes sob o céu do Iran!...
Como eu quisera - e que vontade intensa! -
Só pelo brilho dessa longa trança,
Ser cavaleiro de invencível lança,
Ou rei normando duma ilha imensa!...
Como eu quisera, no eu pensamento,
Ser o rei bardo no rovhedo duro,
E ambos, fugindo, recortar o vento,
Sobre a garoupa dum cavalo escuro!...
Se me morresse, que comprido choro!
Como vergara sob a cruz de Malta!
Como eu deitara a minha trança d'ouro,
Por causa dela, duma torre alta!...
... ... ... ...
E assim por ela fico preso, enquanto
O sol se esconde no ocidente triste...
Um cravo murcha, numa jarra, a um canto,
-E as aves voam, debicando o alpiste.
in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal editores
António Duarte Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 de Junho de 1848; m. em Lisboa a 29 de Janeiro de 1921).
O sol se esconde no ocidente triste...
Um cravo murcha, numa jarra, a um canto,
-E as aves voam, debicando o alpiste.
in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal editores
António Duarte Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 de Junho de 1848; m. em Lisboa a 29 de Janeiro de 1921).
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