Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças,
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
que dias há que n’alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís de Camões (n. 1524 – m. 10 Jun 1580)
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Nothingandall: Mudam-se os tempos mudam-se-as vontades
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