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2008-06-29

Chromo - Afonso Schmidt

Estendal de roupa; foto daqui

Meio dia de sol no lugarejo:
à sombra de umas árvores antigas,
ergue-se a velha fonte de azulejo,
onde batem a roupa as raparigas.

Mormaço. Corruxios. Num bocejo,
ouvem-se ao longe, sobre o mar d’espigas
do milharal maduro o rumorejo
e dos trabalhadores as cantigas.

Roupa corando nos varais. Sorrisos
azuis de trepadeiras. Sons de guisos…
Saltam na relva cabritinhos mansos.

Ao fundo, a torre e a casaria. Às vezes,
cortam os ares o mugir das rezes
e a gargalhada homérica dos gansos.

Afonso Schmidt nasceu em Cubatão (SP) a 29 de Junho de 1890 e morreu em São Paulo a 31 de Março de 1964. Apenas com a instrução primária, foi um autodidacta que se consagrou ao jornalismo. Fez duas viagens aventurosas à Europa (1906/07 e 1912/13). É autor de uma literatura participante, de sentido populista, e partidário de um igualitarismo utópico, que representa a sua ânsia de justiça social. Sobretudo contista, estreou-se nas letras como poeta: «Janelas Abertas» (1912).

Poema e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto


Leia também do mesmo autor: Cubatão

Saiba mais sobre o poeta aqui

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