Aves do mar que em ronda lenta
Giram no ar, à ventania,
Gritam na tarde macilenta
A sua bárbara alegria.
Incha lá fora a vaga escura,
Uiva o nordeste aflitamente.
Que mágoa anónima satura
Este ar de Inverno, este ar doente?
Alma que vogas a gemer
Na tarde anémica, de vento,
Como se infiltra no meu ser
O teu esparso sofrimento!
Que viuvez desamparada
Chora no ar, no vento frio
Por esta tarde macerada
Em que a esp’rança se esvaiu!”..
Roberto Augusto de Mesquita Henriques nasceu em Santa Cruz das Flores (Açores) a 19 de Junho de 1871 e aí faleceu, de síncope cardíaca, a 31 de Dezembro de 1923. Depois dos estudos liceais em Angra do Heroísmo e na Horta, começou como secretário de Finanças, em 1896, para chegar, em 1919, a chefe de repartição da Fazenda Pública. Era irmão de Carlos de Mesquita (1870-1916), que, além de também poeta, foi professor da universidade de Coimbra e o mais notável crítico do movimento simbolista. A poesia do irmão mais novo evoluiu do parnasianismo ao simbolismo e decadentismo, acabando por inflectir num sentido classicizante, à semelhança de Eugénio de Castro. Como o seu autor só abandonou o arquipélago natal para uma breve visita ao continente, em 1904, tal obra passou despercebida (apenas editada postumamente, «Almas Cativas», em 1931) e foi outro poeta de origem açoriana, Vitorino Nemésio, quem para ela chamou a atenção, salientando como a solidão, a sonolência e o tédio são características da insularidade.
Giram no ar, à ventania,
Gritam na tarde macilenta
A sua bárbara alegria.
Incha lá fora a vaga escura,
Uiva o nordeste aflitamente.
Que mágoa anónima satura
Este ar de Inverno, este ar doente?
Alma que vogas a gemer
Na tarde anémica, de vento,
Como se infiltra no meu ser
O teu esparso sofrimento!
Que viuvez desamparada
Chora no ar, no vento frio
Por esta tarde macerada
Em que a esp’rança se esvaiu!”..
Roberto Augusto de Mesquita Henriques nasceu em Santa Cruz das Flores (Açores) a 19 de Junho de 1871 e aí faleceu, de síncope cardíaca, a 31 de Dezembro de 1923. Depois dos estudos liceais em Angra do Heroísmo e na Horta, começou como secretário de Finanças, em 1896, para chegar, em 1919, a chefe de repartição da Fazenda Pública. Era irmão de Carlos de Mesquita (1870-1916), que, além de também poeta, foi professor da universidade de Coimbra e o mais notável crítico do movimento simbolista. A poesia do irmão mais novo evoluiu do parnasianismo ao simbolismo e decadentismo, acabando por inflectir num sentido classicizante, à semelhança de Eugénio de Castro. Como o seu autor só abandonou o arquipélago natal para uma breve visita ao continente, em 1904, tal obra passou despercebida (apenas editada postumamente, «Almas Cativas», em 1931) e foi outro poeta de origem açoriana, Vitorino Nemésio, quem para ela chamou a atenção, salientando como a solidão, a sonolência e o tédio são características da insularidade.
Nota biobliográfica extraída de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
Ler do mesmo autor Abandonadas
Sem comentários:
Enviar um comentário