Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar
Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
E a minha'alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar...
Mas a vitória fulva esvai-se logo...
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo...
-Onde existo que não existo em mim?
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Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d'amor sem bocas esmagadas -
Tudo outro espasmo que principio ou fim...
Paris 1913 - Maio 3
in Mário de Sá-Carneiro, Poemas Completos, edição Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim
Mário de Sá-Carneiro (n. Lisboa, 19 de Maio de 1890; n. em Paris, 26 de Abril de 1916).
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