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2008-04-22

Serenata - Augusto de Lima

foto daqui


Plenilúnio de maio em montanhas de Minas!
Canta ao longe uma flauta e o violoncelo chora,
perfuma-se o luar nas flores das campinas,
subtiliza-se o aroma em languidez sonora.

Ao doce encantamento azul das cavatinas,
nessas noites de luz mais belas do que a aurora,
as errantes visões das almas peregrinas
vão voando a cantar pela amplidão afora...

E chora o violoncelo e a flauta, ao longe, canta.
Das montanhas cantando, a névoa se levanta,
banhada de luar, de sonhos, de harmonia.

Com profano rumor, porém, desponta o dia
e, na última porção da névoa transparente,
a flauta e o violoncelo expiram lentamente

António Augusto de Lima nasceu em Vila Nova de Lima (MG) a 5 de Abril de 1859 e faleceu no Rio de Janeiro a 22 de Abril de 1934. Concluída a formatura na Faculdade de Direito de São Paulo em 1882, foi magistrado, deputado por Minas Gerais e exerceu altos cargos públicos. Republicano e abolicionista, foi um poeta parnasiano de teor filosófico, que roçou o simbolismo, como bem o evidencia o soneto que inserimos nesta colectânea.

Poema e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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