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2008-04-25

A Lagartixa - Álvares de Azevedo


Originally uploaded on Flick by mauro brancorsini photographer


A lagartixa ao sol ardente vive,
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão dos teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

Manuel António Álvares de Azevedo (n. em São Paulo a 12 de Setembro de 1831 e faleceu no Rio de Janeiro a 25 de Abril de 1852).

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