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2008-04-30

Formosa, qual pincel em tela ... - Maciel Monteiro

Formosa, qual pincel em tela fina
debuxar jamais pôde ou nunca ousara;
formosa, qual jamais desabrochara
na primavera a rosa purpurina;

formosa, qual se a própria mão divina
lhe alinhara o contorno e a forma rara;
formosa, qual jamais no céu brilhara
astro gentil, estrela peregrina;

formosa, qual se a natureza e a arte,
dando as mãos em seus dons, em seus lavores,
jamais soube imitar no todo ou parte;

mulher celeste, oh! anjo de primores,
quem pode ver-te, sem querer amar-te?
Quem pode amar-te, sem morrer de amores?!

António Peregrino Maciel Monteiro, barão de Itamaracá, nasceu no Recife (PE) a 30 de Abril de 1804 e morreu em Lisboa a 5 de Junho de 1868. Doutor em Medicina pela universidade de Paris (1823/29), após regressar ao Brasil, em 1830, optou pela carreira política: primeiro, deputado e orador parlamentar; depois, ministro de Estado e diplomata. Faleceu na capital portuguesa, como ministro plenipotenciário. Era um mundano elegante, galanteador e dândi, que inaugurou o romantismo sensual e sentimental na literatura brasileira, através de uma poesia circunstancial de carácter lírico-erótico, que revela a influência de Lamartine e Victor Hugo.

Poema e nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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