Cármen, sou eu... Aqui me tens, bem perto
de ti, fiel ao doce amor antigo,
casto eflúvio do céu que anda comigo,
única luz no meu destino incerto.
Aqui me tens, em pranto, a sós contigo,
lembrando o nosso lar, hoje deserto...
Lar feliz, sonho bom de que desperto
para cobrir de rosas teu jazigo...
Junto da tua humilde sepultura,
ajoelho-me sentindo que na altura,
sob os olhos de Deus, leve revoas...
Tua imagem, piedosa, que aparece...
Moves os lábios numa eterne prece
e me estendes as mãos e me perdoas...
Álvaro de Sá CASTRO MENEZES (n. em Niterói (RJ) em 3 de Junho de 1883 e faleceu no Rio de Janeiro a 7 de Março de 1920).
Soneto e extraído de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004).
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