Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados,
um garbo senhoril, nevada alvura;
metal de voz que enleva de doçura,
dentes de aljôfar, em rubi cravados;
um garbo senhoril, nevada alvura;
metal de voz que enleva de doçura,
dentes de aljôfar, em rubi cravados;
fios de ouro, que enredam meus cuidados,
alvo peito, que cega de candura;
mil prendas e (o que é mais que formosura)
uma graça que rouba mil agrados;
alvo peito, que cega de candura;
mil prendas e (o que é mais que formosura)
uma graça que rouba mil agrados;
mil extremos de preço mais subido
encerra a linda Márcia, a quem of’reço
um culto que nem dela ‘inda é sabido;
encerra a linda Márcia, a quem of’reço
um culto que nem dela ‘inda é sabido;
tão pouco de mim julgo que a mereço,
que enojá-la não quero de atrevido
co’as penas que por ela em vão padeço.
que enojá-la não quero de atrevido
co’as penas que por ela em vão padeço.
FILINTO ELYSIO era o nome arcádico por que ficou conhecido o P.e Francisco Manuel do Nascimento, nascido em Lisboa a 23 de Dezembro de 1734 e falecido em Paris a 25 de Fevereiro de 1819. Teve de se exilar para fugir à Inquisição, devido às suas ideias liberais e iluministas. Esteve quatro anos em Haia (Holanda), antes de se fixar em Paris. Se, em Lisboa, fora professor da Marquesa de Alorna (Alcipe), na capital francesa travou conhecimento com o grande poeta romântico Lamartine. Levou uma vida difícil como tradutor, mas poetou infatigavelmente.
Soneto e ficha bibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Edições Unicepe, 2004»
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