O que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
o que vamos fazer amanhã
que não seja um ajuste de contas?
o que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fuzilem
o teu corpo talvez seja meu,
mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?
Vasco Graça Moura (n. na Foz do Douro a 3 de Janeiro de 1942; ~ )
(extraído de Poemas de Amor, Antologia de poesia portuguesa, organização e prefácio de Inês Pedrosa, Publicações Dom Quixote)
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