dizer à minha vida macerada
que para o teu amor já não sou nada,
que não me amas nem desejas bem!
Ah! Se eu pudesse ainda amar alguém,
serias tu somente a Grande-Amada,
a Sempre-Noiva, a Sempre-Desejada,
dum coração que não amou ninguém...
Se a morte me cruzasse as mãos no peito
e eu moresse teu noivo, tu serias
a noiva duma sombra! E, no teu leito,
sempre a teu lado a sombra deitarias,
no mesmo doce. mesmo brando aspeito
de alguém que vai noivar todos os dias!
Américo de Oliveira Durão (n. em Coruche a 28 Out 1894; m. em Lisboa a 7 Mar 1969)
in A Circulatura do Quadrado: Alguns dos mais belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Edições Unicepe 2004
Ler do mesmo autor: Soneto
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