A presença da família real dos Bragança no Brasil, desde 1808, e a permanência do herdeiro do trono depois do regresso de Dom João VI a Lisboa, em 1821, terminaram por amortecer um movimento separatista violento e desagregador como ocorreu no restante do continente. Isto permitiu que apenas com dois gritos, o do Fico, mais baixo, e o do Ipiranga, mais sonoro, o Brasil atingisse a tão desejada autonomia sem os tormentos de uma guerra de independência prolongada e sangrenta e sem ver-se dividido em dezenas de republiquetas.
Com a abertura dos portos em 1808, rompeu-se o pacto colonial acentuando-se as relações directas com a Inglaterra, o que ia de encontro aos interesses da aristocracia agrária brasileira. Portugal já não tinha o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caira directamente na dependência do capitalismo inglês. Com a vinda de D. João VI para o Brasil acentuou-se essa «descolonização» relativamente a Portugal - aliás o que se verificou foi a inversão metropolitana : o aparelho de Estado Português passou a operar a partir do Brasil - para entrar na esfera do domínio britânico.
O passo seguinte, que conduziu à independência do Brasil, ocorreu com a eclosão da Revolução liberal do Porto (24 de Agosto de 1820), que impôs o regresso de D. João VI a seu país, visando forçar o retorno do chamado Pacto Colonial.
O regresso de Dom João VI a Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, com a postura recolonizadora afectava a aristocracia rural ameaçada entre a intenção recolonizadora de Portugal e as guerras de independência na América Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas.
Com efeito, não se pode compreender o processo de independência sem pensar no projecto recolonizador das Cortes portuguesas, a verdadeira origem da definição dos diversos grupos no Brasil. Embora o rompimento político com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergências. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo.
Em 9 de dezembro de 1821, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que ordenavam a abolição da regência e o imediato retorno de D. Pedro a Portugal; a obediência das províncias a Lisboa e não mais ao Rio de Janeiro; a extinção dos tribunais do Rio. O Príncipe Regente D. Pedro, começou a fazer preparativos para seu regresso. Mas estava gerada enorme inquietação. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonização e com a possibilidade de uma explosão revolucionária. A nova situação favoreceu a polarização: de um lado o partido português e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência.
A influência sobre o Príncipe Regente passou a ser determinante. Mas era inevitável que este preferisse os conservadores, que tiveram em José Bonifácio um líder bem preparado para dar à independência a forma que convinha às camadas dominantes.
Neste sentido, o "Sete de Setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.
Outra grande e importante conclusão é de que a independência se restringiu à esfera política. Não marcou nenhuma ruptura com o processo da história colonial brasileira em nada alterando a situação sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características do período colonial (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), e que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos ...
A Independencia do Brasil é considerada como sendo no dia sete de Setembro de 1822, o dia do «Grito do Ipiranga» (Independência ou Morte). quando às margens do riacho do Ipiranga, D. Pedro ao receber os decretos e a correspondência, proclamou a Independência, retirando de seu chapéu as fitas com as cores vermelha e azul das Cortes portuguesas. Formalizava-se a separação entre Brasil e Portugal e no dia 12 de Outubro de 1822, D. Pedro I viria a ser coroado como primeiro Imperador do Brasil.
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