A luz meridional que, rigorosa,
infunde o mar no mármore, cobiçou
A Musa - júbilo azul! - e a radiosa
matéria no soneto repousou.
Mais mirtos quis Érato e em mais formosa
a tornar Camões se exasperou.
Mas, ó Bocage!, do dom o dano é glosa
e ao Tártaro de versos te imolou
a Musa, porque a Graça a treva a estruma
e de Antero a ideia em sangue escorre,
suicício com anjos por grinaldas;
que não só sol, também a noite espuma
no soneto e Florbela, a maga, morre
cantando uma hemoptise de esmeraldas.
NATÁLIA CORREIA (n. na Ilha de S. Miguel, Açores a 13 Set 1923; m. em Lisboa a 16 Mar 1993)
in A Circulatura do Quadrado Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Edições Unicepe, 2002
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