Agora regresso à tua claridade.
Reconheço o teu corpo, arquitectura
duma cidade ardente, povoada,
flutuando sem limites na espessura
da noite cheirando a madrugada.
Acordaste na aurora -a bica rumorosa
de peixes e de açucenas;
pensativa rosa abrindo nas areias,
alta e branca, branca apenas,
e mar ao fundo, o mar das minhas veias.
Estás de pé nos meus versos e no trigo
ainda quente dos beijos que te dei;
tão jovem!, e mais que jovem, sem mágoa!,
como no tempo e que tinha medo
que te afogasses numa gota de água.
Eugénio de Andrade 19 Jan 1923 na Póvoa de Atalaia, Fundão; m. no Porto a 13 Jun 2005).
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