O vermelho deve ser como
o som duma trombeta…
Um cego
Alucina-me a Cor! - A Rosa é como a Lira,
A Lira pelo tempo há muito engrinaldada,
E é já velha a união, a núpcia sagrada,
Entre a cor que nos prende e a nota que suspira.
Se a terra, às vezes, brota a flor que não inspira
A teatral camélia, a branca enfastiada,
Muitas vezes, no ar, perpassa a nota alada
Como a perdida cor de alguma flor que expira...
Há plantas ideais de um cântico divino,
Irmãs do oboé, gémeas do violino,
Há gemidos no azul, gritos no carmesim...
A magnólia é uma harpa etérea e perfumada.
E o cacto, a larga flor, vermelha, ensanguentada,
- Tem notas marciais, soa como um clarim.
António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921).
Sem comentários:
Enviar um comentário