Na atitude saudosa de quem chora,
passas o tempo sem ninguém te ver.
O tempo, sim melhor não sei dizer,
essa coisa contada hora por hora.
Eu sou a culpa desse teu sofrer,
é minha a culpa, bem o sei, embora.
Continuarei a amar-te como outrora,
muito em silênciio, sem ninguém saber.
E quantas vezes, noite morta, a sós,
eu julgo ouvir em sonhos uma voz,
cantando lá por fora, no jardim.
Depois acordo, mas que voz aquela?
E fico de olhos postos numa estrela,
que é a tua imagem a passar por mim.
in A Circulatura do Quadrado Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, Edições Unicepe, 2004.
Alfredo Monteiro Brochado (n. em Amarante a 3 Fev 1897, m. (suicidio) em Lisboa a 16 de Maio de 1949)
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