Iludo o sentido
Da vida em que vivo.
O mundo que sinto
É mundo que minto.
É mundo pensado
Aquém, do outro lado
Da margem do rio
Com águas em fio.
A imagem dos astros,
Das velas, dos mastros,
Das nuvens, das margens
É sombra de imagens.
Perdidas no fundo
Do engano do mundo.
Não quero a certeza
Da minha tristeza.
Deixai-me à vontade
Naquela verdade
Pensada e fingida
Que é logro de vida.
Se minto o que sinto,
De tudo o que minto
Iludo o sentido
Da vida que vivo.
José Campos de Figueiredo (n. em Coimbra a 6 Maio 1899, m. 29 Nov. 1965)
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