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2007-03-07

Soneto - Américo Durão

Setembro. Calma. O sol é um grito rubro
na alegria do céu azul cobalto,
e em tua musical voz de contralto
cantam manhãs de abril, tardes de outubro...

Vindimas. Sob os pâmpanos descubro
cachos de ouro que ao teu desejo exalto . . .
Chamo por ti, erguendo as mãos ao alto...
Corres... E és como o sol um grito rubro!

Vens alegre e vermelha como as brasas,
depois, num vôo, as tuas mãos são asas...
Ergues um cacho de ouro à boca em sangue.

Solta-se o teu cabelo... Mar de seda!...
A bárbara volúpia me embebeda,
e unes a boca à minha boca exangue!


Américo de Oliveira Durão (n. em Coruche a 28 Out 1894; m. em Lisboa a 7 Mar 1969)

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