Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.
Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.
Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se aleita,
entre pálpebras de areia...
Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.
Cecília Meireles (n. no Rio de Janeiro a 7 Nov 1901; m. 9 Nov 1964).
Ler neste blog da mesma autora: Ou isto ou aquilo ; De um lado cantava o Sol ; Despedida
Ler ainda um post a propósito: Dos 41 anos da morte de Cecília Meireles em 9-11-2005
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