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2006-11-02

Glosa à chegada do Outono - Jorge de Sena

O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou

Jorge de Sena (n. Lisboa, 2 Nov 1919; m. 4 Jun 1978)

Ler outros poemas do mesmo autor neste blog:
Amo-te muito meu amor
Como queiras amor

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