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2006-10-25

Retrospecto - Humberto de Campos

Vinte e seis anos, trinta amores: trinta
vezes a alma de sonhos fatigada.
e, ao fim de tudo, como ao fim de cada
amor, a alma de amor sempre faminta!

Ó mocidade que foges! brada
aos meus ouvidos teu futuro, e pinta
aos meus olhos mortais, com toda a tinta,
os remorsos da vida dissipada!

Derramo os olhos por mim mesmo... E, nesta
muda consulta ao coração cansado,
que é que vejo? que sinto? que me resta?

Nada: ao fim do caminho percorrido,
o ódio de trinta vezes ter jurado
e o horror de trinta vezes ter mentido!

Humberto de Campos (n. Miritiba, Maranhão, em 25.10.1886; m. Rio de Janeiro em 05 Dez 1934)

Ler do mesmo autor:
Dor
No trem
Tuas cartas rasguei

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