Por ser tão leve o teu passar
Na estrada, à tarde, quando vens
De pôr o gado que não tens,
A pastar...
Por ser tão brando o teu sorrir,
Tão cheio de feliz regresso
Do longo prado, onde apeteço
Contigo ir...
Por ser tão breve o teu querer
Alguém que perto de ti passe
E, porque a tarde cai, te abrace.
Sem nada te dizer...
Por ser tão calmo o teu sonhar
Que já é tempo de não ter
Esse rebanho de pascer,
Mas outro de amamentar...
É que eu me perco no caminho
Do grande sonho sem janelas,
De estar contigo no moinho,
Sem o moleiro nem as velas.
José Carlos Queiroz Nunes Ribeiro (n. Lisboa 5 Abr 1907, m. Paris, 27 Out 1949)
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