Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.
Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha de um cometa.
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda de seu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.
Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil
in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio Alvim
Natália Correia (n. 13 Set 1923, Fajã de Baixo. Ilha de S. Miguel, Açores; m. 16 Mar 1993 em Lisboa)
Ler da mesma autora neste blog:
O espíritoPoema dirigido ao deputado João Morgado
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