Páginas

2006-07-07

Adoração - Guerra Junqueiro

Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão
Em mim não é amor; filha, é adoração!
Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.
Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,
E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa
Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça
do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante
Eu sinto ? virgem linda, inefável, radiante,
Envolta num clarão balsâmico da lua,
A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!
Adoro-te!... Não és só graciosa, és bondosa:
Além de bela és santa; além de estrela és rosa.
Bendito seja o deus, bendita a Providência
Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,
O deus que te criou, anjo, para eu te amar,
E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...

Poesias Dispersas


Guerra Junqueiro (n. Freixo de Espada à Cinta 17 de Setembro de 1850 ; m. Lisboa a 7 de Julho de 1923).

Ler do mesmo autor:
Regresso ao Lar
A Moleirinha
Canção Perdida
Memória de minha mãe

Sem comentários:

Enviar um comentário